SES-DF publica protocolo inédito para regulação do acesso vascular eletivo em pacientes de hemodiálise

Protocolo de Regulação de Acesso Vascular para Hemodiálise Eletivo. CB Bell III/Centros Renais Noroeste.

Protocolo inédito da SES-DF organiza acesso vascular eletivo para pacientes renais em hemodiálise

Medida visa reduzir complicações, otimizar recursos e ampliar a oferta de cirurgias eletivas para criação de fístulas arteriovenosas. Cateteres de curta duração deixam de ser solução permanente.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) publicou o Protocolo de Regulação de Acesso Vascular para Hemodiálise Eletivo, documento oficial que estabelece critérios clínicos, operacionais e regulatórios para pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) que necessitam de acesso vascular definitivo. A medida, prevista na Portaria SES-DF nº 216/2025, busca melhorar a segurança do tratamento dialítico e padronizar o fluxo de atendimento em toda a rede pública do DF.

Com cerca de 158 mil brasileiros em diálise, sendo 90% em hemodiálise, a maior parte dos procedimentos exige um acesso vascular adequado. A fístula arteriovenosa (FAV) continua sendo o padrão-ouro, por apresentar menor risco de infecção, maior durabilidade e eficácia. No entanto, o tempo de maturação da FAV – de 4 a 6 semanas – exige planejamento antecipado e gestão eficiente da fila de espera.

❝Fístula é padrão-ouro, mas demanda reprimida exige organização❞

Segundo o novo protocolo, a Central de Regulação de Cirurgias Eletivas (CERCE) será responsável por regular 100% dos pedidos de FAV e cateteres de longa permanência. Pacientes com uso prolongado de cateteres de curta duração, atualmente comuns, passarão a ter prioridade na fila, já que esse tipo de acesso está associado a maiores taxas de infecção, hospitalizações e mortalidade.

Critérios de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão e exclusão para confecção de FAV eletiva

São elegíveis pacientes com DRC em estágio 5, com necessidade de acesso vascular definitivo ou intervenção em FAVs já implantadas. Estão excluídos pacientes com Karnofsky < 50, transplantados com função renal preservada, em diálise peritoneal sem complicações ou em tratamento conservador.

A confecção de FAVs e cateteres está a cargo de equipes de nefrologia e cirurgia vascular da rede SES-DF, com distribuição das vagas conforme capacidade de cada hospital. Cirurgias de maior complexidade (como FAV femoro-femoral ou com veia safena) serão realizadas no Hospital de Base. Já as FAVs nativas – radiocefálica, braquiocefálica, ulnar-basílica – poderão ser realizadas em outros hospitais da rede.

FLUXO DE ACESSO
FLUXO DE ACESSO

📊 Priorização por cor de risco

O protocolo estabelece um sistema de prioridades por cor para ordenar a fila de acesso:

🔴 Vermelha: falha de maturação da FAV, risco de perda do acesso, necessidade urgente de intervenção;

🟡 Amarela: clearance de creatinina < 20 mg/dL ou uso de cateter há mais de 4 semanas;

🟢 Verde: pacientes com FAV que requerem intervenção não urgente;

🔵 Azul: pacientes com indicação de ligadura da FAV pós-transplante (após 12 meses).

📁 Documentos e regulação no SISREG

A solicitação do procedimento deve conter história clínica detalhada, comorbidades, uso de medicamentos, condição do acesso vascular e, se disponível, exames como Doppler ou angiotomografia. A inclusão no SISREG será feita na aba “Ambulatorial” com preenchimento obrigatório do campo “observações”.

Cada hospital executante é responsável pelos exames pré-operatórios e pela realização da cirurgia em até 60 dias após a autorização regulatória.

📈 Indicadores e metas

O protocolo prevê metas específicas de capacitação profissional (80%) e de aumento mensal de procedimentos em 20%. O indicador de desempenho será monitorado mensalmente por meio do prontuário eletrônico (TrackCare e e-SUS).

🧬 Evidência científica embasa diretrizes

O documento se baseia em 16 estudos científicos nacionais e internacionais, incluindo as Diretrizes KDOQI (2020) e publicações da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Um ponto de destaque é o debate sobre a necessidade do mapeamento vascular pré-operatório com Doppler: o protocolo conclui que ele não é obrigatório em todos os casos, mas deve ser considerado em pacientes com alto risco de falência da FAV.

⚠️ Impacto esperado: menos mortes, menos internações

A implantação do protocolo deve reduzir a dependência de cateteres de curta duração – responsáveis por complicações graves como sepse, tromboses e perda precoce de acesso. Também trará maior previsibilidade ao sistema e melhor qualidade de vida ao paciente renal crônico, ao permitir início da diálise de forma segura e planejada.

📎 A íntegra do protocolo pode ser acessada [aqui

📢 Profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS devem estar atentos às novas regras para garantir segurança, agilidade e eficácia no tratamento da doença renal crônica.