De ex-miss a ré no STF: o declínio de Pâmela Bório, símbolo do bolsonarismo radical
Apresentadora de telejornais, ex-miss Bahia, ex-primeira-dama da Paraíba, ativista digital e suplente de deputada federal. Hoje, ré no Supremo Tribunal Federal com pedido de condenação por cinco crimes graves relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A trajetória de Pâmela Bório, antes cercada de holofotes e glamour, agora está no centro de um dos processos mais emblemáticos contra o extremismo político no Brasil.
Na segunda-feira (26), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que condene Pâmela por participação direta nas invasões e depredações das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Segundo a acusação, ela atuou como executora material dos atos golpistas, ao lado de grupos que se recusaram a aceitar o resultado das eleições de 2022. A PGR negou o pedido da defesa para um acordo que livraria a ex-primeira-dama do processo.
Do jornalismo ao bolsonarismo
Com 41 anos, a baiana Pâmela Bório tem um currículo extenso: formada em Jornalismo pela UNEB, com mestrado em Comunicação pela UFPB, trabalhou como repórter e apresentadora em afiliadas da Globo e SBT. Em 2008, foi eleita Miss Bahia. No ano seguinte, conheceu Ricardo Coutinho, então prefeito de João Pessoa. Casaram-se em 2011, e Pâmela passou a atuar como primeira-dama da Paraíba até o divórcio polêmico em 2015.
Após o fim do casamento, ela se aproximou da ala mais radical da direita, tornando-se uma figura influente nas redes sociais, onde defende pautas bolsonaristas e ataca o sistema democrático. Tentou se eleger deputada federal em 2018 e 2022, mas não conseguiu votos suficientes, tornando-se apenas suplente.
Câmeras, vídeos e o filho no Congresso
A própria Pâmela admitiu à Polícia Federal que esteve presente nas manifestações de 8 de janeiro. Vídeos e publicações em suas redes a mostram dentro do Congresso Nacional, ao lado de manifestantes e acompanhada do próprio filho, então com 12 anos. Em uma gravação que viralizou, ela pergunta ao menino: “Estamos fazendo o quê aqui?”, ao que ele responde: “Tirando o Brasil do comunismo tirano.”
Apesar de depois alegar que estava em Brasília apenas como jornalista e que o filho não a acompanhava, a PGR descartou essa versão. Para o Ministério Público, há provas robustas de que ela aderiu voluntariamente ao plano golpista de abolir o Estado Democrático de Direito.
Denúncia pesada: 5 crimes e pedido de R$ 26 milhões
O processo contra Pâmela está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e os crimes imputados a ela são:
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Associação criminosa armada
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Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
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Golpe de Estado
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Dano ao patrimônio da União
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Deterioração de patrimônio tombado
Além disso, a PGR pede uma indenização mínima de R$ 26 milhões e o bloqueio de bens como forma de garantir o ressarcimento.
Escândalos e polêmicas
A vida de Pâmela fora dos palácios também foi marcada por polêmicas. Em 2015, acusou o ex-marido Ricardo Coutinho de agressão. Três anos depois, protagonizou uma cena cinematográfica ao invadir de carro a residência oficial do governador para tentar ver o filho fora do horário judicialmente estipulado. Derrubou o portão, mas foi absolvida da acusação de dano.
Mesmo diante de denúncias e processos, ela segue ativa nas redes sociais, alimentando teorias conspiratórias, exaltando o bolsonarismo e atacando instituições.
Julgamento será pela 1ª Turma do STF
Agora, Pâmela Bório pode se tornar um dos principais rostos femininos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O julgamento será feito pela 1ª Turma do STF. Caso condenada, além da indenização milionária, poderá enfrentar anos de prisão.