Se Maria, mãe de Jesus, tivesse outro nome, qual seria? Veja os mais prováveis no contexto bíblico e histórico

Foto: Sara Irwin

Arqueologia, tradição judaica e Escrituras revelam quais nomes eram comuns entre as mulheres no tempo de Jesus — e quais poderiam ter sido atribuídos à mãe do Salvador, caso não fosse chamada Miryam

A importância do nome na cultura hebraica

Na tradição bíblica, o nome é mais do que uma identidade: é uma expressão da missão espiritual da pessoa. No hebraico, shem [nome] representa essência, propósito e até destino profético. Quando Deus muda o nome de alguém — como de Abrão para Abraão, ou de Jacó para Israel — Ele está anunciando uma nova etapa na vida da pessoa, um novo chamado.

O nome Maria, traduzido do hebraico Miryam, era amplamente utilizado entre as mulheres judias do século I. Mas, e se a mãe de Jesus tivesse recebido outro nome? Que nome seria? A resposta está na história, na Bíblia e nos ossuários encontrados em Israel.

Por que Maria foi chamada Miryam?

Miryam era o nome da irmã de Moisés e Arão, uma das primeiras mulheres chamadas de profetisa (Êxodo 15:20). Na época de Jesus, esse nome era extremamente comum — estima-se que cerca de uma em cada quatro mulheres judias se chamasse Miryam. A escolha desse nome para a mãe do Messias carrega profundos significados teológicos: submissão, força, maternidade profética.

Mas nomes não eram atribuídos aleatoriamente. As famílias escolhiam com base em tradição, genealogia, virtudes desejadas ou personagens bíblicos. Assim, se por alguma razão Maria não tivesse recebido esse nome, outros também muito significativos poderiam ter sido escolhidos.

Nomes alternativos possíveis para Maria, mãe de Jesus

Com base em registros arqueológicos [como inscrições em ossuários e documentos antigos], textos do Novo Testamento e a tradição do judaísmo do Segundo Templo, estes são os nomes femininos mais prováveis que poderiam ter sido atribuídos à mãe de Jesus:

1. Salomé [Shlomit]

Significa “paz” ou “plenitude”. Derivado de Shalom, este nome evoca a esperança messiânica de Isaías 9:6 — “Príncipe da Paz”. Era o segundo nome mais comum entre as mulheres da época e simbolizava o anseio pela redenção de Israel.

2. Ana (Hannah)

“Graça” ou “favor”. Nome da mãe do profeta Samuel, conhecida por sua oração fervorosa. Maria, inclusive, repete o estilo do cântico de Ana no Magnificat (Lucas 1:46-55), mostrando forte ligação espiritual entre ambas.

3. Elisabeth [Elisheva]

“Deus é juramento”. Nome sacerdotal, atribuído à esposa de Zacarias e mãe de João Batista. Reflete a fidelidade de Deus às promessas — um tema central na vinda do Messias.

4. Susana (Shoshana)

“Lírio”. Nome que representa pureza e beleza espiritual. Evoca imagens do Cântico dos Cânticos e da santidade virginal, virtudes atribuídas a Maria.

5. Débora [Devorah]

“Abelha”. Nome da profetisa e juíza de Israel (Juízes 4). Representa liderança espiritual feminina e coragem, características que também aparecem na missão de Maria.

6. Raquel (Rachel)

“Ovelha”. Matriarca de Israel e símbolo do amor materno. Sua imagem está ligada à dor pelas crianças mortas por Herodes (Mateus 2:18), que Maria vivenciou ao fugir para o Egito.

7. Rebeca [Rivka]

Possivelmente significa “ligar” ou “conectar”. Era a esposa de Isaque e mãe de Jacó — figura central da promessa. O nome representa união e continuidade da linhagem messiânica.

8. Noemi (Naomi)

“Agradável”. Nome associado à restauração e à bênção de Deus. Noemi, sogra de Rute (ancestral de Jesus), representa a fidelidade que conduz à redenção.

Implicações escatológicas e espirituais

Na escatologia cristã, Maria não é apenas mãe biológica de Jesus — ela é figura da nova Eva, da nova arca da aliança, da mulher de Apocalipse 12 que “traz em si o Filho varão que regerá as nações”. Nessa perspectiva, o nome Miryam assume papel profético.

Entretanto, nomes como Salomé, Ana ou Elisabeth também carregam essa profundidade. Todos eles evocam virtudes centrais à história da salvação: paz, graça, fidelidade, pureza, aliança. Em termos de cultura hebraica, se Maria tivesse outro nome, Salomé seria o mais provável — por sua ampla difusão e significado messiânico —, seguida por Ana e Elisabeth, igualmente reverenciados.

Conclusão

Refletir sobre os nomes que Maria poderia ter nos leva a um mergulho no coração espiritual de Israel. Não se trata apenas de curiosidade histórica, mas de entender como a escolha de um nome revela a atuação de Deus no tempo e na história.

Se Maria não tivesse sido chamada Miryam, seria muito plausível que seu nome fosse Shlomit, Hannah ou Elisheva — todos profundamente enraizados na fé de um povo que esperava a vinda do Messias.