04 de Abril de 2020

EFE

Wuhan. Shenzhen, uma das maiores cidades da China

China EFE/Arquivo

Shenzhen, uma das maiores cidades da China, anunciou nesta quinta-feira que acrescentará o ato de comer cães e gatos na sua proibição de comércio e consumo de animais selvagens, imposta em março como parte da crise causada pelo novo coronavírus.

Em seu site, o governo municipal diz que essa é a regulamentação mais rigorosa já imposta em território chinês desde que as autoridades nacionais iniciaram uma campanha contra o consumo de animais. A ideia surgiu por suspeitas de que a pandemia de Covid-19 teve início em um mercado em Wuhan que vendia esse tipo de mercadoria.

A lista de animais terrestres permitidos é limitada a porcos, vacas, ovelhas, burros, coelhos, galinhas, patos, gansos, pombos e codornas, além de outras espécies listadas no Diretório Nacional de Recursos Genéticos de Gado e Aves Doméstica”, que também inclui búfalos, camelos e cavalos.

Comer animais como cobras ou lagartos também é proibido. Contudo, a megalópole do sudeste também permitirá o consumo contínuo de produtos aquáticos que não são especificamente proibidos, tais como tartarugas e sapos.

Aqueles que continuam comendo animais selvagens terão que pagar multas de pelo menos 150 mil yuanes (R$ 111.540), enquanto que aqueles que os vendem enfrentarão penalidades a partir de 100 mil yuanes (R$ 74.360).

“Não há evidências de que os animais selvagens sejam mais nutritivos do que as aves domésticas ou o gado. As espécies permitidas para consumo podem atender às necessidades diárias das pessoas”, disse o vice-presidente Escritório de Segurança Alimentícia do Centro de Prevenção e Controle de Doenças de Shenzhen, Liu Jianping.

O executivo afirmou que, desde o início da epidemia, o comércio e o consumo de animais selvagens têm representado um grande perigo oculto para a saúde pública, algo que tem atraído a atenção da sociedade.

Além de Shenzhen, a cidade vizinha de Zhuhai e a província a que ambos pertencem, Cantão, também emitiram recentemente regulamentos sobre o assunto, seguindo a iniciativa das autoridades nacionais.

Segundo as estimativas da Humane Society International (HSI), 10 milhões de cães e 4 milhões de gatos são mortos para consumo na China por ano.

No entanto, apesar dos estereótipos, o consumo desses animais não é comum no país asiático e há uma crescente oposição social a que isso lhes seja permitido, especialmente entre os jovens.

Após a suposta venda de animais selvagens no mercado de Wuhan, onde se acredita ter começado o surto de Covid-19, muitos chineses apelaram às redes sociais para que parassem o comércio.

Pequim reagiu declarando a suspensão dessas atividades, e na sessão anual da Assembleia Legislativa – prevista para o início de março, mas adiada devido ao vírus – será discutido um projeto para uma proibição definitiva.