A imunidade adquirida por infecção pelo vírus da dengue pode ser fator de proteger contra o vírus da Zika. A conclusão de um estudo realizado pelo Instituto de Arboviroses da Universidade de Wenzhow na China, em parceria com outras instituições.

A pesquisa não encontrou evidências de interações entre a Dengue e o vírus da Zika. O estudo e suas conclusões foram publicadas hoje (13/11) pela revista Nature Communications.

De acordo com o artigo, a pesquisa tem um valor importante na busca de vacinas contra os vírus Dengue e zika.

A pesquisa usou camundongos como cobaias, observando que os animais que tiveram dengue desenvolveram a chamada – proteção cruzada – termo utilizado na ciência para referir-se à transferência de microrganismos.

Foram observadas a grande presença de linfócitos [ T CD8 ] células de defesa que se formaram com a combinação dos vírus da Dengue e da Zika.

Os animais foram divididos em dois grupos: um que foi infectado inicialmente com o vírus da dengue, após recuperação foram infectados com o vírus da Zika; no segundo grupo, foram infectados pelo Zika sem ter tido uma infecção inicial de Dengue.

Resultados – o grupo com infecção anterior de dengue apresentou uma carga reduzida da virulência do vírus da Zika no organismo: no sangue, nos tecidos e no cérebro.

Após a imunidade adquirida em cobaias que tiveram o vírus da Dengue, que depois foram expostos ao vírus da Zika, demonstrou que a Dengue não seria potencializadora de infecções mais graves de Zika.

A tese de que a interação entre as duas doenças provocaria virulência graves de Zika foi levantada no início da epidemia de Zika no Brasil, em 2015.

A hipótese caiu por terra no mundo científico e agora os pesquisadores acreditam que uma infecção anterior por Dengue pode impedir casos graves de contaminação pelo Zika ou até mesmo a microcefalia em bebês gerados por mães que tiveram Zika na gestação. 

Uma das conclusões dos pesquisadores é que a presença de anticorpos por uma infecção de Dengue, pode explicar por que nem toda mulher com Zika transmite a doença para o bebê e também por que algumas pessoas podem ter sido infectadas com Zika e nunca terem desenvolvido a doença.

A grande descoberta da ação dos linfócitos [T CD8] presentes nas células de defesa contra infecções pelos vírus Dengue e Zika vai dar novos rumos às pesquisas com vacinas já em andamento.

Segundo o artigo, a grande maioria dos testes com vacinas, atuam somente contra os linfócitos [B] que produzem anticorpos após o contato com uma infecção. As células do tipo [T] têm uma ação mais direta sobre o microrganismo, agindo antes da infecção.

A pesquisa foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores chefiado por Jinsheng Wen, da Universidade de Wenshou com parceria de outras universidades como o Instituto La Jolla de Alergia e Imunologia da Califórnia.