BRBO banco chega ao cinquentenário com um patrimônio crescente, que bateu a marca de R$ 1,22 bilhão, e com ativos que somam R$ 13,6 bilhões.

Por Helena Mader

Criado com a missão de fomentar o desenvolvimento econômico do Distrito Federal, o BRB completa 50 anos em 2016. O banco chega ao cinquentenário com um patrimônio crescente, que bateu a marca de R$ 1,22 bilhão, e com ativos que somam R$ 13,6 bilhões. A crise econômica e a instabilidade política preocupam o presidente da instituição, Vasco Cunha Gonçalves. Mas ele lembra que, apesar do cenário turbulento, o banco conseguiu bons resultados no ano passado. “Nossa carteira de crédito imobiliário cresceu mais de 30%. Em 2015, fizemos ajustes, arrumamos a casa, fizemos nosso dever de casa, e isso está demonstrado no crescimento das receitas, dos ativos, da captação”, comentou Vasco. “A situação nos preocupa, mas, no entanto, a gente vê algumas janelas de oportunidade e estamos atentos a isso.”

Para melhorar o atendimento aos clientes, o BRB investiu R$ 120 milhões em tecnologia no ano passado. A presidência também fez licitação para a compra de novas máquinas de autoatendimento, que começam a ser trocadas este ano. O projeto terá investimentos de R$ 180 milhões nos próximos cinco anos. Em 2015, o BRB também focou no fortalecimento da marca, com patrocínio aprovado para 70 projetos esportivos e culturais. Hoje, a instituição investe em modalidades como futebol, basquete, vôlei e vela.

Quais são os principais resultados do balanço de 2015 do BRB?
O BRB atingiu R$ 13,6 bilhões de ativos totais. Estamos crescendo em todas as operações de crédito, estamos captando muitos recursos. Isso demonstra que nosso cliente está confortável com o BRB e reconhece que é um banco sólido. Assim, pudemos continuar com o crescimento nas carteiras de empréstimo. Isso nos deixa tranquilos, porque o banco mostra que é forte e sólido e que estamos fazendo nosso dever de casa. Em 2015, ajustamos muitas coisas, arrumamos a casa, e isso está demonstrado no crescimento das receitas, dos ativos, da captação. Um indicador importante no meio bancário é o índice de Basileia, e chegamos a 15,76%.

Alguma área teve crescimento com destaque?
O nosso crédito imobiliário foi a carteira que mais cresceu em 2015, com um aumento de mais de 30%. Atribuo isso ao fato de outras instituições terem fechado um pouco seu crédito. Não perdemos captações e isso permitiu termos um crescimento consolidado. No crédito imobiliário, isso acabou sendo maior do que nós esperávamos e hoje temos uma carteira em torno de R$ 1 bilhão.

A que o senhor atribui o crescimento do patrimônio, que superou R$ 1,2 bilhão?
O patrimônio cresce com a incorporação de resultados. Nosso foco em 2015 foi, com cuidado, fazer alguns ajustes de base dos quais precisávamos. Tivemos um lucro expressivo, de R$ 84,2 milhões, apesar de ter sido um pouco menor do que o do ano anterior. Isso porque tivemos crescimento de taxa Selic desde 2013 — um impacto forte na economia e que trouxe retração. Isso aumenta um pouco o nosso custo de intermediação e não permitiu que nosso lucro fosse crescente, mas é um lucro confortável. Em 2014, havia sido de R$ 128 milhões. Tivemos muito investimento em informática e isso gera um gasto inicial.

Como foram os investimentos em tecnologia?
Tivemos lançamento do mobile, em agosto do ano passado, oferecemos essa ferramenta para nosso cliente. Isso demandou dispêndio de recursos. Estamos em fase de conclusão da nossa ferramenta de home banking, que vem passando por evolução, e isso é importante para o futuro do banco. Ficamos mais robustos tecnologicamente, chegando ao mesmo nível dos outros bancos de varejo, para que possamos reduzir custos logo depois. Estamos dando crédito com maior cuidado e fizemos investimentos em tecnologia, que somam mais de R$ 120 milhões só em 2015.

Há investimentos de melhorias no atendimento ao público?
Fizemos licitação de novas máquinas de autoatendimento. São equipamentos mais modernos, com mais segurança e rapidez. A troca será feita paulatinamente. Em cinco anos, serão investidos R$ 180 milhões.

Este é o primeiro balanço que reflete efetivamente a atuação desta gestão. Ficaram satisfeitos com os resultados?
Queremos avançar. Esse trabalho de base vai permitir que possamos já em 2016 mostrar resultado bem melhor e mais consolidado. Tivemos que ajeitar a casa e isso toma tempo nos primeiros meses.

O banco sempre teve um número alto de clientes servidores públicos do GDF. A dependência desses funcionários ainda é alta?
Todo cliente é muito importante. Temos um carinho imenso pelos servidores do GDF, a quem oferecemos atendimento personalizado. Mas o banco é de Brasília, de toda a população. A quantidade de clientes está bastante pulverizada, conseguimos diversificar a clientela. Temos carteira de pessoa jurídica com várias empresas, pequenas, médias e grandes.

No ano passado, o governo debateu internamente a possibilidade de licitar a folha de pagamento dos servidores, como forma de fazer caixa. Que impacto isso teria no BRB?
Não nos preocupa o debate em si. O GDF tem 96,85% das ações e os outros 3,15% estão no mercado, são de investidores minoritários. Eles cobram transparência, governança e resultados. Não nos chamaram para esse debate, mas, se houver, nós vamos nos posicionar. Entendemos que o BRB é um banco importante. A Constituição do DF diz que é o banco que tem que fazer os pagamentos de todo o governo. A gente tem que avaliar e colocar nosso ponto de vista.

Como está o trabalho do BRB para ser o agente financeiro do Consórcio Brasil Central?
Participamos das reuniões do Consórcio Brasília Central, que integra os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia, além do DF. Queremos ser o agente financeiro do consórcio. Colocamos nossa proposta, mostramos como poderíamos contribuir na gestão. Entendemos que isso é importante, tanto para o consórcio, quanto para o BRB. O banco avança com todo cuidado, um passo de cada vez. Sabemos aonde podemos chegar e temos muito para avançar. Devagarzinho, a gente vai se consolidando.

Como a crise nacional pode afetar a atuação do banco?
Todo mercado bancário se ressente. A crise afeta a economia porque as empresas começam a esperar para ver o horizonte, antes de pegar recursos para investir. E os bancos se retraem. Nessa mesma linha, poderíamos até crescer mais, mas crescemos com cuidado, com pé no chão, revendo toda nossa política de crédito. A situação nos preocupa, mas, no entanto, a gente vê algumas janelas de oportunidade. Estamos buscando olhar outros mercados em que podemos atuar como instituição financeira. Vamos melhorar em outras atuações, como meios de pagamento e seguros. São mercados crescentes no mundo inteiro e a gente está se preparando.

A inadimplência preocupa?
Todo sistema bancário teve aumento de inadimplência. A gente vem controlando isso. No geral, nossa inadimplência, de 4,3%, é ainda menor do que a do sistema bancário. Fizemos os reforços de provisão necessários, os ajustes. Apesar de diminuir um pouco o lucro, temos um conforto maior.

O BRB completa 50 anos. Como a data será lembrada?
Lançamos nossa nova marca na Corrida de Reis. As comemorações começaram com o programa Culturarte BRB, com vários investimentos em shows de diversos segmentos. Em setembro, mês de aniversário do banco, teremos programações especiais.

 Fonte: Correio Braziliense