Britânica Siân Rogers aceitou participar de experimento remunerado para testar vacina contra doença. Sian Rogers Image caption
Britânica Siân Rogers aceitou participar de experimento remunerado para testar vacina contra doença. Sian Rogers Image caption
Britânica Siân Rogers aceitou participar de experimento remunerado para testar vacina contra doença.

Imagine contrair febre tifoide de propósito para ganhar, em contrapartida, R$ 16,6 mil.
Foi o que fez a estudante britânica Siân Rogers.
A jovem de 22 anos aceitou ser infectada pela doença como parte de um estudo clínico que vai durar um ano.
Como contrapartida, ela vai ganhar 3 mil libras.
Depois do que ela descreveu como duas semanas “muito intensas”, tudo o que ela precisa agora é um check-up eventual.

Siân, que também aceitou contrair uma forma do vírus ebola no passado, diz que não aceitou o convite apenas por dinheiro, apesar de confessar que esse é seu maior interesse.
“É muito importante que tenhamos pesquisas médicas…algo como a febre tifoide em alguns países pode matar pessoas”, disse ela ao Newsbeat, programa de rádio da BBC.
Siân conta que, em nenhum momento, ficou com medo.

“Tive uma amigdalite muito grave (no passado) e precisei ser hospitalizada. Pelo menos com a febre tifoide eu pude comer e beber”.

Testes clínicos não são comuns no Reino Unido ─ experimentos como esses são realizados para testar novos tratamentos, mas poucos deles envolvem contrair doenças, como a febre tifoide.

Pôster

Crédito: Siân RogersSiân decidiu participar quando viu um pôster em sua universidade, Oxford Brookes, convocando participantes para o teste.

Mas ela diz ter sido rejeitada por ser “muito feliz”.

Siân não desistiu e buscou participar de outro teste, em que receberia uma pequeno dose do vírus letal ebola.

Ela ganhou 500 libras (R$ 2,7 mil) pela participação e, enquanto estava na sala de espera, viu uma convocatória para outro teste, para vacinas contra a febre tifoide.

Às 7h00 do dia 1º de fevereiro ela voltou ao local e recebeu um copo d’água contendo a bactéria Salmonella typhi ─ que transmite a febre tifoide.

“Fizeram-me vestir um avental e algumas luvas…alguns óculos de proteção. Rimos muito da situação. Eu parecia um idiota”, relembra ela .

Ela escreveu sobre sua experiência no jornal da universidade.

Todos os dias depois das aulas, por duas semanas consecutivas, ela foi ao hospital fazer um check-up, e tinha de manter um diário sobre a temperatura de seu corpo.

“A primeira semana foi tranquila. Já na segunda eu comecei a me sentir muito tonta”, acrescenta.

“Eu tinha uma apresentação na faculdade e não consegui me levantar. Lembro-me de que na terça-feira daquela semana, eu já não conseguia nem sair da cama”.

Paralelamente, Siân havia começado um novo trabalho na faculdade.

“Quando eu fiz a entrevista, eu literalmente disse que no dia 1º de fevereiro contrairia febre tifoide”.

Siân acabou faltando quatro turnos do trabalho, e estava muito doente para concluir o quinto.

“Só piorou até eles me darem os antibióticos e então comecei a me sentir melhor muito mais rápido”.

Agora que se recuperou, ela só precisou voltar ao hospital quatro vezes durante o ano.

O que é a febre tifoide?

 

Crédito: Siân Rogers

A febre tifoide é uma infecção causada por uma bactéria chamada Salmonella typhi.

Trata-se de uma doença altamente contagiosa, sendo transmitida pelo contato com fezes e urina do doente.

A febre tifoide não é comum no Reino Unido, tampouco no Brasil.

Segundo o Ministério da Saúde, de 2000 a 2014, 117 pessoas morreram vítimas da doença.

Os sintomas incluem dor de estômago, dor de cabeça, febre alta e constipação ou diarreia.

Em casos não tratados, um quinto das pessoas vem à óbito, mas antibióticos costumam curar a doença em duas semanas.

Images copyright Sian Rogers

BBC Brasil.