A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann [PT], saiu em defesa do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta [Republicanos-PB], nesta segunda-feira (18), em meio à polêmica envolvendo o decreto do governo que amplia o Imposto sobre Operações Financeiras [IOF].
“O presidente Hugo Motta trouxe previsibilidade à pauta legislativa, sempre em consonância com o colégio de líderes. A relação entre Câmara e Executivo tem sido pautada por responsabilidade e firmeza nos acordos”, escreveu Gleisi nas redes sociais.
A manifestação da ministra ocorre no mesmo dia em que a Câmara pautou a urgência de um projeto para sustar os efeitos do decreto da Fazenda, apresentado pelo deputado Zucco [PL-RS] logo após a publicação da norma.
Apesar da resistência de parte dos parlamentares ao aumento da alíquota do IOF — uma das medidas para ampliar a arrecadação e atingir as metas do novo arcabouço fiscal —, Gleisi reforçou o clima de diálogo e compromisso institucional entre Executivo e Legislativo.
Alinhamento entre PT e Republicanos
A ministra destacou que o Republicanos, partido de Hugo Motta, não tem atuado de forma obstrutiva, mas sim como parceiro no processo legislativo. A sinalização é clara: mesmo com divergências pontuais, há convergência estratégica na defesa da estabilidade econômica e política.
Fontes da articulação política confirmam que Hugo Motta já havia informado ao governo a resistência da Casa ao texto, mesmo após os ajustes feitos pela equipe econômica. A interlocução entre os Poderes, porém, tem sido preservada.
“Se não houver avanço nas medidas arrecadatórias, o Congresso também será atingido. As emendas parlamentares, por exemplo, estão dentro do orçamento discricionário e podem ser bloqueadas”, alertou Gleisi em entrevista ao Valor Econômico.
Ela acrescentou que o Executivo acredita na aprovação das propostas enviadas, “se não integralmente, ao menos em sua maioria”.
IOF: ponto de tensão, mas dentro das regras do jogo
A discussão sobre o decreto do IOF é vista como um teste para a solidez do pacto federativo e do diálogo político na atual legislatura. Para o governo, a rejeição pura e simples das medidas pode comprometer a execução orçamentária e levar a cortes nas próprias bases parlamentares — como as emendas.
A defesa pública de Gleisi Hoffmann à atuação de Hugo Motta consolida uma mensagem de estabilidade e respeito à articulação política, em especial entre o PT e o Republicanos, dois partidos hoje com papéis centrais no tabuleiro do Congresso Nacional.