“Amor à primeira vista” é uma ilusão romantizada — e perigosa
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A ideia de “amor à primeira vista” é uma das maiores ilusões sobre o que é o amor verdadeiro. Sustentada por séculos de romantismo — em filmes, novelas e canções — essa expressão nos faz acreditar que é possível amar profundamente alguém no instante em que o vemos. Mas será que isso é amor mesmo? Ou estamos apenas confundindo paixão à primeira vista com algo que leva tempo, verdade e convivência?
A verdade é que o que se chama de amor à primeira vista é, quase sempre, um forte desejo, uma projeção emocional ou uma empolgação passageira. Amor de verdade não nasce num olhar: ele é construído.
Psicólogos da Universidade de Groningen, na Holanda, que investigaram cientificamente o fenômeno para tentar descobrir se o clichê comum das comédias românticas é real. Eis, a resposta abaixo:
“Para concluir, nossas descobertas sugerem que o amor à primeira vista relatado na primeira vista não se assemelha nem ao amor apaixonado nem ao amor em geral”, disseram os pesquisadores.
A célebre frase atribuída a Santo Agostinho — “só se ama aquilo que se conhece” — revela algo essencial: não se pode amar o que não se compreende. Amar é um processo. Requer entrega, paciência, convivência e, principalmente, decisão. Nenhuma dessas coisas acontece em segundos.
Se o amor verdadeiro fosse possível à primeira vista, o ódio também seria. Mas ninguém odeia alguém profundamente só por vê-lo. Assim como o amor, o ódio se constrói a partir de experiências, julgamentos e convivência. O que acontece num “primeiro olhar” é, no máximo, atração física ou empatia emocional — não o amor descrito pela fé, pela psicologia ou pela vida real.
A Bíblia, inclusive, é clara ao tratar do amor como algo muito mais profundo. Em 1 Coríntios 13:4-7, Paulo descreve o amor como paciente, bondoso, humilde, perseverante. Não há espaço para impulsos rápidos ou sentimentos automáticos. Já em 1 João 3:18, lemos: “não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade” — ou seja, o amor se revela nas atitudes, não nas primeiras impressões.
Até mesmo Jesus, o maior exemplo de amor da história, não foi amado à primeira vista. Os discípulos o seguiram, questionaram, conviveram com ele por anos. O amor que sentiam nasceu da relação, da entrega, do aprendizado. Da mesma forma, os que o rejeitaram não o odiaram imediatamente — mas sim por resistirem à sua mensagem. Amor e ódio reais são frutos da convivência — não da aparência.
É por isso que precisamos desromantizar o discurso do “amor à primeira vista”. Ele pode ser bonito nas telas, mas na vida real induz a decisões apressadas, idealizações irreais e, muitas vezes, frustrações profundas. Relacionamentos duradouros não se constroem com base em impulso, mas em respeito, verdade, maturidade e fé.
Amar, no sentido mais pleno, é cultivar um vínculo consciente, com base na realidade, não na ilusão. É aceitar o outro como ele é — e decidir caminhar ao lado dele, mesmo quando o encanto inicial já não brilha mais. O amor não nasce num instante. Ele floresce no tempo.