Como a pr0stituiçã0 virou EAD — e por que isso diz muito sobre a era digital

A digitalização da intimidade transformou o mercado do sexo como nunca antes na história. Plataformas como OnlyFans, Privacy, Loyal Fans, FanCentro, Fansly e Just for Fans criaram um ambiente em que o corpo — agora transmitido em alta definição — virou conteúdo sob demanda.

É a pr0stituiçã0 em modo EAD: paga-se para assistir, conversar, interagir e, em muitos casos, criar uma ilusão de vínculo afetivo. Esse novo modelo desloca o sexo pago do espaço físico para o digital, muitas vezes sem mediação de cafetões, sem rua, sem motel e drogas — mas também sem direitos trabalhistas, proteção legal e com uma carga emocional pesada para quem vende a própria imagem em troca de sustento.

Mais do que uma nova forma de comércio do corpo, essa virada revela muito sobre a era digital: uma sociedade marcada pela solidão crônica, pelo hiperconsumo de estímulos e pela falsa sensação de intimidade. As plataformas lucram com o desejo alheio, ao mesmo tempo em que normalizam relações marcadas por poder, carência e algoritmos.

É preciso ir além da estética “empoderada” que muitas vezes se vende junto a esses serviços e refletir sobre os impactos sociais, psíquicos e éticos desse novo formato de pr0stituiçã0 — agora monetizada por cliques, curtidas e assinaturas mensais.