Adolescente Alex Gabriel dos Santos: era só mais um Santos que celular não tinha. Ele era estudante. E seria pai de família

O estudante foi obrigado a ajoelhar na brasa e teve mãos amarradas com arame farpado antes de ser morto por causa de celular.

Alex Gabriel dos Santos, de 16 anos, sofreu sessões de espancamento, teve mãos amarradas com arame farpado e foi jogado desacordado em rio no interior de SP. Acusados estão presos preventivamente por homicídio triplamente qualificado.

‘A gente pagava o telefone, foi uma covardia’, diz tia de adolescente

Alex Gabriel dos Santos, 16, foi submetido a tortura brutal antes de ser morto e ter o corpo lançado no Rio Pardo, no interior de São Paulo. O crime ocorreu em 1º de junho, em Pontal (SP), após o adolescente pegar um celular abandonado em um depósito de bebidas. De acordo com denúncia do Ministério Público, os acusados — quatro homens entre 19 e 28 anos — responderão por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Todos estão presos preventivamente.

O laudo da investigação revela uma sequência de violências chocantes. Levado até um galpão por um dos suspeitos, Alex foi espancado com socos, chutes, pedaços de madeira e golpes semelhantes aos de um chicote. Em seguida, foi forçado a ajoelhar sobre brasas de uma fogueira acesa. Suas mãos foram inicialmente amarradas com corda, depois com arame farpado. Os agressores ainda colocaram um saco plástico em sua cabeça e prenderam tijolos ao seu corpo — numa tentativa de afundá-lo.

“Ele foi encontrado amarrado, os braços e as pernas, amarrado com arame farpado, com corda, com um saco na cabeça. Só pela situação que foi encontrado, a gente já sabe o sofrimento que ele passou. A gente não consegue imaginar a dor que ele deve ter sentido, o medo”. disse Janiela Ferreira Riel, tia de Alex.

Um dos suspeitos presos por envolvimento na morte do adolescente Alex Gabriel Santos.

Segundo o MP, os responsáveis pelo crime são João Guilherme Moreira, 27, dono do celular, Uanderson dos Santos Dias, 19, Alex Sander Benedito Ferreira, 23, e Jean Carlos Nadoly, 28. Os quatro confessaram as agressões em depoimento, mas negaram ter causado a morte de Alex.

A denúncia aponta que João Guilherme foi informado por uma funcionária do depósito sobre o paradeiro do celular e também do adolescente. Ela própria o levou até a casa da vítima. Mesmo após Alex devolver o aparelho, foi forçado a entrar no carro de João e levado até o galpão onde os demais suspeitos o aguardavam. A mulher, que também estava presente no local das agressões, afirmou sem comprovação, que o garoto teria furtado uma bicicleta — o que, segundo a denúncia, contribuiu para que a violência aumentasse.

A funcionária também foi denunciada, mas, por ter colaborado com as investigações e se mantido à disposição da Justiça, foi submetida apenas a medidas cautelares.

Após horas de agressão, Alex foi colocado desacordado na caçamba de uma caminhonete e teve o corpo lançado no rio. Durante seis dias, familiares e autoridades o procuraram. Seu corpo foi encontrado uma semana depois do crime.

O caso, investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, gerou comoção na cidade. Os quatro denunciados tiveram a prisão preventiva decretada no dia 2 de julho e devem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.