A presença de cirurgiões-dentistas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foi defendida por participantes da audiência pública que discutiu a odontologia hospitalar na tarde desta segunda-feira (14) em plenário. De acordo com o mediador do debate, deputado Rodrigo Delmasso (PRB), o DF está aquém da saúde bucal do restante do País e uma das soluções para minimizar essa defasagem seria a contratação de cirurgiões-dentistas e técnicos em saúde bucal, aprovados em concurso público em 2014.

 

Delmasso lembrou que a contratação de servidores foi uma das destinações contempladas pelo remanejamento de recursos do Iprev, proposta do Executivo aprovada pela CLDF. Ainda segundo o parlamentar, a nomeação de 358 profissionais de cada categoria não apenas representaria um reforço necessário à saúde bucal, como também possibilitaria o cumprimento da legislação que assegura a presença de cirurgião-dentista para o atendimento a pacientes internados em UTI do SUS (Lei 5.744/2016).

 

A presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Renata Sgarioni, argumentou que existe uma forte relação entre os cuidados bucais e a saúde sistêmica. “A boca é a porta de entrada do corpo, inclusive para bactérias”, alegou. A mesma posição defendeu o cirurgião-dentista da UTI do hospital de Ceilândia, Marcos Pains. Segundo ele, a prática hospitalar mostra que existe queda na incidência de doenças, como, por exemplo, a pneumonia, mediante a atuação de dentistas em UTIs. Contudo, Pains ressaltou que é preciso capacitar esses profissionais para atuar nesses ambientes.

 

A capacitação para ambiente de UTI deve ocorrer ao integrar “a odontologia hospitalar ao contexto interdisciplinar”, de acordo com o coordenador das disciplinas de Odontologia para Pacientes Especiais, Odontogeriatria e Odontologia Hospitalar da Universidade Católica de Brasília, Alexandre Miranda. A formação do profissional passa, segundo ele, pela promoção da saúde bucal em todos os níveis do ambiente hospitalar, e não apenas na UTI.

 

Tanto a presidente da Associação Brasileira de Odontologia, Luciana Bezerra, quanto o presidente do Conselho Regional de Odontologia do DF, Samir Najar, defenderam a relevância da odontologia hospitalar. “Tem paciente morrendo em hospital por problemas cuja origem é infecção de dente”, declarou Luciana. Ela criticou projetos como as carretas da saúde implementadas em governos anteriores. “O foco deve ser a saúde e não campanha eleitoral”, disse.

 

Ações a longo prazo – A estratégia Saúde da Família incluiu a nomeação de profissionais da odontologia, segundo o assessor especial da subsecretaria de Atenção Integral à Saúde da Subsecretaria de Saúde do DF, Paulo Queiroga. No entanto, ele explanou que havia disparidade entre o número de técnicos em saúde bucal e cirurgiões-dentistas. Por isso, segundo ele, foram chamados técnicos para compor de modo equânime as equipes do modelo. “A lógica do Saúde da Família é a saúde integral”, disse.

 

Ainda de acordo com Queiroga, o objetivo da Secretaria é aumentar a cobertura odontológica de modo permanente. Não é intenção da Secretaria ter contratos temporários. “O dentista de família tem que ser o mesmo daqui a dez ou quinze anos, são ações a longo prazo”, reforçou.

 

Também defendeu o modelo adotado pelo GDF o gerente de Odontologia da Secretaria de Saúde do DF, Maurício Basso. Hoje há 550 equipes trabalhando, disse, ao reforçar que a saúde bucal é preocupação da atenção primária.

 

 

Franci Moraes
Fotos: Silvio Abdon/CLDF
Comunicação Social  – Câmara Legislativa