Um caso raríssimo: câncer é transmitido por doação órgão

O técnico em radiologia Geraldo Vaz Junior, 58 anos, descobriu um câncer no fígado transplantado meses após uma cirurgia realizada pelo SUS no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Exames genéticos comprovaram que as células malignas vieram do órgão doado, e não do receptor — situação considerada extremamente rara na medicina mundial.

Geraldo foi transplantado em 2023, após desenvolver cirrose por hepatite C. Sete meses depois, exames identificaram nódulos no novo fígado. A biópsia revelou um adenocarcinoma, e o DNA confirmou origem no doador. Mesmo submetido a um segundo transplante, o câncer evoluiu com metástase pulmonar, e o paciente tornou-se paliativo.

De acordo com o Manual de Transplantes (MS, 2022), todo doador é submetido a ampla triagem clínica, laboratorial e de imagem para excluir infecções e neoplasias transmissíveis. Contudo, o próprio documento admite que micrometástases podem escapar à detecção.

Médicos especialistas afirmam que o transplante hepático continua sendo um procedimento seguro e vital, embora jamais livre de riscos. O oncologista Stephen Stefani explica que células tumorais microscópicas podem permanecer indetectáveis e se desenvolver sob imunossupressão. O cirurgião Pedro Luiz Bertevello reforça que se trata de uma “fatalidade médica”, não de erro técnico.

Estudos internacionais apontam risco inferior a 0,03% de transmissão de câncer por órgãos doados. Ainda assim, o caso reacende discussões sobre o equilíbrio entre segurança e urgência nos transplantes e sobre o direito à informação dos pacientes.

Laboratório de Análises Clínicas e Anatomia Patológica

ALBERT EINSTEIN
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira

Nome: Geraldo Vaz Junior
Sexo: M
Data Nascimento: 18/01/1967
Médico: [dados omitidos]
Data: 20/03/2024

Data/hora coleta: 20/03/2024 13:55
Data/hora recebimento: 20/03/2024 17:04
Número do laboratório: [dados omitidos]


Relatório Imuno-histoquímico Complementar

Realizada genotipagem por STR (Short Tandem Repeat) do material do explante hepático (AE23-049334), do sangue periférico do paciente (receptor) e na presente biópsia hepática com adenocarcinoma. Esta última submetida à macrodissecção para análise concentrada nas células neoplásicas de interesse. Na amostra do explante hepático, não foi possível obter resultado satisfatório devido à baixa qualidade do DNA do tecido. Nas amostras do sangue periférico (receptor) e da biópsia de lesão hepática (adenocarcinoma) foi obtido resultado satisfatório.

Conclusão: A comparação do resultado de genotipagem destas amostras aponta em múltiplos loci que as células da neoplasia NÃO têm o mesmo genótipo das células do sangue periférico do paciente (receptor), incluindo os cromossomos sexuais (XY no sangue periférico e XX nas células neoplásicas). Nesse cenário, a principal possibilidade a ser considerada é a de que o adenocarcinoma da amostra AE24-021252 seja de origem da doadora e que tenha sido carreado juntamente com o transplante hepático, provavelmente na forma de células tumorais isoladas ou micrometástases, manifestando-se clinicamente e radiologicamente anos durante o acompanhamento clínico.

22/04/2024 16:53

Relatório Imuno-histoquímico