O Hospital Veterinário de Taguatinga, no Distrito Federal, mais uma vez se viu tomado por filas de tutores durante o fim de semana e nesta segunda-feira (11).
A busca incessante por vagas para procedimentos veterinários gratuitos reflete não apenas a demanda reprimida, mas também expõe um lado crítico da gestão pública: o paternalismo institucional que cresce no setor, como se o Estado devesse suprir todas as necessidades, mesmo as que seriam responsabilidade direta dos indivíduos.
Em meio à disputa pelas vagas, a maioria dos tutores flagrados na fila chegou ao local em veículos próprios, um indicativo que levanta uma reflexão importante: se há condições para manter um carro, seria mesmo impossível arcar com o custo de R$ 1.600 para uma cirurgia de mastectomia em cães ou gatos? Esta realidade sugere que a gratuidade não se limita aos mais necessitados, mas se abre como uma porta que estimula dependência, sem uma contrapartida justa para a sociedade.
Nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Canadá, a responsabilidade pelo bem-estar dos animais é claramente assumida pelos tutores, sem que este ônus pese sobre os contribuintes. A assistência veterinária subsidiada ou gratuita é reservada a casos específicos, destinados a pessoas de baixa renda que comprovem a necessidade. O Brasil, nesse sentido, deveria alinhar-se com essas práticas, reconhecendo que animais de estimação, embora amados, são compromissos financeiros de seus cuidadores.
Ao permitir que demandas individuais sejam tratadas como um encargo coletivo, corremos o risco de sobrecarregar o sistema público e prejudicar investimentos em áreas mais urgentes da saúde humana.
Precisamos, urgentemente, de um debate mais responsável sobre o papel do Estado no atendimento veterinário, para que políticas públicas não incentivem uma visão equivocada de “SUS Veterinário“, enquanto a responsabilidade essencial por um animal continua sendo, e deve permanecer, de seu tutor.