Ronaldo Caiado (União Brasil), médico, ruralista e hoje governador de Goiás, nunca transitou por espaços de governo ligados à esquerda. Sua trajetória política é marcada por uma linha dura, conservadora e diretamente vinculada ao agronegócio. Desde os anos 1980, Caiado ergueu sua carreira como opositor de carteirinha do Partido dos Trabalhadores (PT) e de qualquer agenda progressista, construindo uma identidade pública sólida como um político de direita clássica, sem brechas ou contradições.
Caiado nunca ocupou cargos técnicos ou políticos em administrações petistas, tampouco fez parte de estruturas ligadas à esquerda. Pelo contrário, foi protagonista da oposição a Lula e Dilma no Congresso e, mesmo após chegar ao governo de Goiás, manteve sua imagem de antagonista ao PT. Trata-se de um político que não apenas se declara de direita, mas que sempre foi reconhecido — tanto por aliados quanto por adversários — como alguém que nunca cruzou a fronteira ideológica.

O mesmo não se pode dizer de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora hoje se consolide como um dos principais governadores do campo bolsonarista, sua trajetória no serviço público incluiu passagens importantes por cargos em governos petistas. Tarcísio atuou na Controladoria-Geral da União (CGU) entre 2008 e 2011, em pleno segundo mandato de Lula, e depois ocupou funções de destaque no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) durante o governo Dilma Rousseff, chegando a ser diretor-executivo e diretor-geral substituto entre 2011 e 2015.
Não se trata de dizer que Tarcísio foi um quadro político do PT — ele nunca foi filiado ao partido. Mas é fato que sua formação e ascensão no serviço público ocorreram dentro de governos de esquerda. Essa experiência fez dele um técnico reconhecido, mas também marca uma diferença fundamental em relação a Caiado: Tarcísio já esteve sob a confiança de presidentes petistas e ocupou posições estratégicas em suas gestões, algo inimaginável para o governador goiano.
Na prática, a comparação entre os dois evidencia que Ronaldo Caiado é, de fato, mais de direita que Tarcísio. Enquanto Caiado sempre se manteve na trincheira conservadora, sem jamais dividir espaços com a esquerda, Tarcísio tem um passado técnico que o aproximou, ainda que indiretamente, de gestões petistas. Essa distinção ajuda a compreender por que Caiado é visto como um “raiz” da direita, enquanto Tarcísio, apesar de hoje ser figura central no bolsonarismo, já percorreu caminhos institucionais em que a esquerda foi a força dominante.
Em resumo: Caiado nunca passou nem perto do ninho da esquerda. Tarcísio, sim.





