Opinião da Redação
Ao barrar a compra do Banco Master pelo BRB, Lula mostra mágoas antigas contra Ibaneis e pune a economia do Distrito Federal em nome da disputa política
As mágoas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), após os ataques de 8 de janeiro de 2023, voltaram ao centro da cena política com a decisão do Banco Central de barrar a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB).
Na ocasião, Lula foi categórico ao responsabilizar o governador. “Ele é cúmplice disso, concordou com isso, negligenciou, não agiu corretamente. Ele não cuidou que a polícia cuidasse das coisas que estavam acontecendo (…). Ele era conivente com o caso”, afirmou em janeiro de 2023, quando defendeu até a prisão de Ibaneis.
Dois anos e meio depois, o Planalto articulou uma medida que atingiu diretamente o coração financeiro do GDF. Na quarta-feira (3), a diretoria colegiada do Banco Central rejeitou a operação de compra de 58% do Banco Master pelo BRB — negócio estimado entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, já aprovado pela Câmara Legislativa do DF e pelo Cade.
A decisão, tomada sob recomendação do diretor de Organização do Sistema Financeiro, Renato Dias de Brito Gomes, ocorre em meio a tensões entre o governo federal e partidos do Centrão, como PP, MDB e União Brasil, que recentemente desembarcaram da base aliada.
Nos bastidores, a medida é interpretada como retaliação política de Lula contra Ibaneis e o DF, travando uma operação que, segundo a Fecomércio-DF, poderia reposicionar o BRB como o 17º maior banco do país e gerar até R$ 2 bilhões em dividendos em cinco anos.
O governador Ibaneis Rocha classificou o negócio como essencial para o desenvolvimento da capital federal. Com a negativa, o BRB solicitou acesso à íntegra da decisão para avaliar recursos.
Enquanto isso, líderes do Centrão acusam o governo de usar a autonomia do BC como instrumento político. Já parlamentares de oposição celebraram a decisão, mas críticos apontam que prevaleceu a lógica do “quanto pior, melhor”, em prejuízo direto da economia local e da população do Distrito Federal.
O episódio mostra que a relação entre Lula e o Buriti segue marcada por ressentimentos e embates, agora com reflexos concretos no futuro do sistema financeiro do DF.





