
Após a derrota na eleição da presidência da CPI do INSS, a base governista redobra esforços para conter danos políticos e evitar que o colegiado se torne um foco de constrangimento direto ao Palácio do Planalto.
Entre as maiores preocupações, está a pressão da oposição para convocar José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula, vice-presidente de um sindicato citado em relatório da Controladoria-Geral da União [CGU]. A avaliação nos bastidores é que esse seria um dos desgastes mais nocivos ao governo, com alto potencial de repercussão pública e política.
Na noite de segunda-feira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reuniu cerca de 20 parlamentares da base — titulares e suplentes — para traçar estratégias. Ficou decidido que a presença dos governistas em todas as sessões será obrigatória, já que ausências recentes abriram espaço para que o PL assumisse suplências e garantisse a presidência da comissão, hoje nas mãos de Carlos Viana [Podemos-MG]. A relatoria ficou com Alfredo Gaspar [União-AL], em aliança construída pela oposição.
Além da disputa por cargos, a base tenta neutralizar o plano de trabalho considerado excessivamente alinhado à oposição e já articula mudanças no calendário das reuniões, atualmente marcadas para segundas e quintas-feiras — dias em que o Congresso costuma esvaziar. O governo também estuda instrumentos jurídicos para restringir convocações de nomes ligados ao presidente e seus aliados.
Embora Frei Chico não seja alvo de investigação e o sindicato negue irregularidades, o simples fato de seu nome estar no radar da CPI é visto como suficiente para criar embaraços políticos. A prioridade do Planalto, portanto, é impedir que a convocação avance, mesmo diante do acúmulo de 910 requerimentos já protocolados, entre eles pedidos de convocação de autoridades dos governos Lula e Bolsonaro.
A CPI se tornou um teste crucial de articulação para o governo, que agora tenta equilibrar a defesa de sua base, preservar a imagem de Lula e impedir que a investigação se converta em um palco de desgaste político permanente.





