
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito [CPMI] que apura fraudes milionárias no INSS inicia os trabalhos nesta terça-feira (26) e já chega cercada de expectativa: há a possibilidade concreta de que investigações atinjam diretamente políticos e ex-gestores ligados ao PT.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana [Podemos-MG], deixou claro que as apurações não vão poupar ninguém, principalmente os responsáveis pela Previdência Social desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff [(PT)]. “Queremos entender o mecanismo, todas as falhas e responsabilidades. Todos os ministros e ex-presidentes do INSS, desde o governo Dilma, serão chamados”, afirmou.
A investigação tem como alvo central os supostos esquemas de descontos indevidos em aposentadorias, prática que teria se tornado comum durante gestões petistas, e que hoje é apontada como responsável por um rombo bilionário nos cofres públicos.
Rede de proteção política
Entre os nomes que podem ser convocados estão figuras estratégicas do atual governo Lula, como o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, e o ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho. Até o irmão do presidente, José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, vice-presidente de uma das entidades sob investigação, aparece em dezenas de requerimentos apresentados pelos parlamentares.
Até o momento, já são 448 requerimentos registrados, incluindo quebras de sigilos bancários e fiscais de associações de aposentados acusadas de atuar como “laranjas” em fraudes. Reportagens recentes também apontam para a participação de sindicatos historicamente alinhados ao PT.
“DNA petista”
O senador Carlos Viana foi direto ao associar as irregularidades ao histórico de governos petistas. Para ele, a engrenagem que sustentou o esquema de fraudes se consolidou durante as gestões do partido. “Nós precisamos mostrar à população como esse dinheiro foi desviado e responsabilizar quem roubou os aposentados”, disse.
Apesar da cautela em citar nomes específicos nesta fase inicial, a pressão é crescente para que lideranças petistas sejam convocadas já nas próximas semanas.
Consignados na mira
Além dos descontos ilegais promovidos por entidades de fachada, a CPMI também pode avançar sobre denúncias de fraudes em empréstimos consignados. Embora o foco seja nos desvios já comprovados, a comissão não descarta ampliar as investigações.
Próximos passos
A votação do plano de trabalho, relatado pelo deputado Alfredo Gaspar [União-AL], está marcada para quinta-feira (28). A comissão terá reuniões fixas às segundas e quintas-feiras.
O cenário é de confronto político: enquanto o governo tenta blindar seus aliados, a oposição aposta que a CPMI vai escancarar uma rede de fraudes com o “carimbo do PT”, atingindo em cheio o partido que há anos tenta se desvincular da imagem de corrupção.




