Em muitos lares brasileiros — e até mesmo em restaurantes — é comum encontrar saleiros metálicos baratos, vendidos em lojas populares por R$ 1,99 ou pouco mais. À primeira vista, o brilho do “cromado” transmite sensação de higiene e durabilidade. Mas essa aparência engana. Por trás da camada fina de metal, há um problema silencioso: corrosão acelerada em contato com o sal, capaz de liberar resíduos metálicos e comprometer a segurança do alimento.
A cena é conhecida: pequenas manchas verdes, pontos escurecidos e áreas descascadas na tampa. É o sinal de que o material — geralmente um cromado de baixa qualidade, composto por ligas com cobre e níquel — entrou em deterioração. O sal, altamente higroscópico e condutor, dissolve a camada superficial e expõe o metal base, dando início a reações químicas que avançam rapidamente.

O resultado chega à mesa. Partículas metálicas desprendidas da corrosão podem se misturar ao sal sem que o consumidor perceba. Entre elas, estão resíduos de níquel, cobre, ferro e cromo trivalente, que não devem integrar a alimentação diária. Embora não representem risco específico para doenças da tireoide, esses fragmentos são anti-higiênicos, potencialmente irritantes e inadmissíveis em estabelecimentos de alimentação.
O problema é ainda mais sério em restaurantes, onde o grande fluxo de clientes e a rotina acelerada fazem com que muitos saleiros permaneçam em uso mesmo após a deterioração evidente. A corrosão cria superfícies porosas que acumulam umidade, restos de sal e microcolônias de bactérias, transformando um objeto aparentemente simples em um vetor de contaminação evitável.
Como escolher saleiros realmente seguros para uso diário
Consumidores e comerciantes podem eliminar esse risco com escolhas simples e baratas. Materiais recomendados:
1. Vidro
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Inerte, não reage com sal.
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Fácil de higienizar e permite ver o interior.
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Tampa ideal: plástico alimentício ou aço inox verdadeiro.
2. Aço inox de qualidade (304 ou 316)
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Não corrói em contato com sal.
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Seguro, durável e próprio para uso alimentar.
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Importante confirmar se é inox real: imãs não costumam aderir na linha 304/316.
3. Acrílico ou policarbonato alimentício
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Leve, transparente e fácil de lavar.
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Não libera partículas metálicas.
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Ideal para cozinhas profissionais pela resistência a quedas.
4. Cerâmica ou porcelana esmaltada
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Muito higiênicas e estáveis.
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Não interagem com sal e têm boa durabilidade.
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Exigem tampas de silicone ou plástico de boa qualidade.
❌ Evite:
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Saleiros metálicos baratos cromados.
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Utensílios com partes esverdeadas, pretas ou descascadas.
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Qualquer superfície corroída ou irregular.
O alerta é claro: se a tampa do saleiro estiver escurecida, esverdeada ou descascando, descarte imediatamente. O brilho falso do cromado pode custar barato na loja, mas sai caro na higiene e na responsabilidade de quem leva alimento à mesa — seja em casa ou em um restaurante.
Com materiais adequados e de baixo custo, é possível garantir um uso diário seguro, durável e totalmente livre dos riscos de corrosão.




