Mesmo inelegível até 2032 por condenações na Operação Caixa de Pandora, o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) ainda se movimenta com intensidade nos bastidores da política brasiliense. Fontes próximas afirmam que ele tem buscado reorganizar antigos apoios e testar o ambiente político para uma eventual volta à cena pública — mesmo sem a possibilidade de disputar cargos eletivos.
Arruda foi governador do Distrito Federal entre 2007 e 2010, período em que o Ministério Público denunciou um esquema de corrupção conhecido como Caixa de Pandora, que revelou o pagamento de propinas a parlamentares distritais. O escândalo levou à prisão e ao afastamento do então governador por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde então, ele acumula condenações por improbidade administrativa e segue impedido de concorrer a cargos públicos.
Apesar disso, o ex-governador mantém influência em setores da política local e tenta reaproximar-se de antigos aliados. Nos últimos meses, tem sido visto em encontros reservados com advogados, ex-deputados e articuladores políticos de perfil conservador. Em alguns desses encontros, segundo relatos, Arruda voltou a dirigir críticas e ironias a adversários — inclusive ao atual governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), que tem pontuado bem ao Senado Federal.
A movimentação de Arruda coincide com um momento em que o tabuleiro político do Distrito Federal começa a se reorganizar para as próximas eleições. O ex-governador sabe que, mesmo sem poder disputar, ainda pode atuar como influenciador ou conselheiro de bastidores, tentando retomar protagonismo em um cenário que o afastou há mais de uma década.
A ex-ministra e ex-deputada federal Flávia Arruda (PL), com quem o ex-governador foi casado por 16 anos, segue em outro relacionamento há mais de um ano, com com o banqueiro Augusto Lima.
Para analistas políticos, os recentes movimentos de José Roberto Arruda têm duplo significado: revelam tanto a tentativa de reabilitar sua imagem quanto o desejo de mostrar para a ex que ainda é um ator relevante na política do DF — mesmo sem mandato e com restrições legais.
A volta de Arruda à cena política, portanto, é vista por muitos, não apenas sobre poder, mas sobre respostas. Um esforço de manter-se lembrado e ouvido em um ambiente que mudou muito desde seus dias de governador, mas onde ele ainda tenta — de forma inelegível — surpreender a ex e Brasília.
