Arruda desempregou 1,3 mil trabalhadores no DF

Arruda e o então secretário de Transportes, Alberto Fraga, foram os responsáveis pelos desempregos no DF.

Em 2008, o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, promoveu uma das medidas mais controversas de sua gestão: a proibição da circulação das vans de transporte alternativo.

A decisão, justificada como parte de um projeto de “modernização” do sistema público e alinhamento ao plano Brasília Integrada, teve um impacto direto e imediato no desemprego de centenas de trabalhadores.

A portaria que excluiu 657 vans das ruas significou não apenas o fim da renda dos motoristas permissionários, mas também de seus cobradores, categoria que desapareceu junto com o modelo de transporte alternativo. Estima-se que mais de 1,3 mil pais de família perderam sua principal fonte de sustento de um dia para o outro.

Arruda manteve a decisão mesmo diante dos protestos e bloqueios organizados pelos permissionários, que reivindicavam diálogo e indenização, visto que muitos ainda tinham dívidas a pagarem em razão da compra de carros novos.

O governador alegou que a substituição das vans por micro-ônibus era exigência do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID) para liberar recursos ao DF. O plano previa a entrada de 450 micro-ônibus, divididos em 83 linhas, mas parte da frota sequer estava pronta para circular, já que o processo licitatório encontrava-se parcialmente travado por liminares judiciais.

“Quem estiver insatisfeito, procure a Justiça”, teria dito Arruda na época, reafirmando que não revogaria a portaria. A declaração foi recebida como sinal de endurecimento político diante de um setor que, por anos, atendeu à demanda popular onde o transporte público formal não chegava.

A medida, além de desestruturar financeiramente centenas de famílias, desmobilizou uma rede de transporte comunitário que, embora irregular sob o ponto de vista jurídico, tinha forte capilaridade social. Para muitos brasilienses, sobretudo nas cidades periféricas, as vans representavam a única alternativa de deslocamento rápido e acessível.

Naquele mesmo fim de semana, Arruda e o então secretário de Transportes, Alberto Fraga, embarcaram para Washington, nos Estados Unidos, para negociar com o BID os empréstimos que sustentariam o novo modelo de mobilidade. Enquanto isso, nas ruas do DF, o desemprego dobrava e as promessas de um sistema mais eficiente ainda demorariam anos para sair do papel.