03 de Agosto de 2019

Dez (10) mil produtos que são vendidos à base de maconha


EFE/Beatriz Limón

Raúl Molina, um mexicano de 46 anos estabelecido desde os oito nos Estados Unidos, assegura que a maconha é o “negócio do futuro”, embora para ele o presente seja muito lucrativo graças a seu Mint Dispensary, o único lugar no Arizona onde é possível comprar até asas de frango temperadas com THC (principal componente ativo da maconha).

Molina se orgulha, sobretudo, do restaurante take-away Mint Cafe, embora neste empório da planta da maconha, situado em Guadalupe, um bairro latino de Tempe, e frequentado todos os dias por aproximadamente mil pessoas, exista de tudo.

Uma imensa vitrine de parede a parede exibe os cerca de 10 mil produtos que são oferecidos no estabelecimento, desde chás até camisetas e lembranças com a folha da maconha estampada.

O Mint Cafe, aberto em 2018, foi o primeiro restaurante no mundo todo a oferecer pratos feitos com a planta da maconha como um de seus ingredientes.

“Nós fomos os primeiros a abrir em nível mundial. Há pouco, soube que acabam de abrir um restaurante similar na Europa”, comentou com orgulho Molina, que nasceu em Ciudad Juárez (México).

O empresário, que antes se dedicava ao negócio da venda de automóveis, está por abrir outros dispensários e restaurantes similares em Massachusetts, Michigan, Novo México, Califórnia, Missouri, Flórida e Nova Jersey.

“Vamos ver o que conseguimos de acordo com as leis de cada estado”, disse à Agência Efe.

Para poder entrar no Mint Dispensary é necessário apresentar um atestado médico atualizado, pois o restaurante, como seu nome indica, fica dentro de um dispensário de maconha de uso medicinal.

Uma grande tela iluminada descreve a história da maconha desde o tempo das dinastias asiáticas até nossos dias.

“Fazemos coisas diferentes em comparação a outros dispensários, tentamos criar uma experiência, um lugar onde se pode encontrar coisas. Temos diferentes produtos, a cozinha fica em uma área aberta, há um canto onde ensinamos sobre a planta e outras onde as pessoas observam como processamos produtos de alta qualidade”, explicou o empresário.

Os clientes podem ver atrás de uma enorme vidraça as plantas de maconha que são cultivadas dentro do local com luz artificial e que produzem 80 libras (36,3 quilos) a cada duas semanas.

Esse volume abastece só uma pequena parte do consumo diário da clientela.

“Isso não é suficiente para nós, então temos que comprar centenas de quilos a mais por mês para poder abastecer os clientes nas duas lojas do estado (Molina tem outro dispensário no Arizona).”

“Em uma boa sexta-feira atendemos até 1,5 mil pessoas e em dias recordes, recebemos 2,7 mil compradores”, comentou.

Em outra área é possível observar um funcionário enrolando meticulosamente charutos puros com cannabis que são vendidos a US$ 300.

A cozinha fica à vista e o visitante pode ver os chefs com os seus aventais preparando desde sobremesas até asas de frango preparadas com THC (tetrahidrocannabinol), o componente psicoativo da maconha.

“Nove por cento das vendas vêm do restaurante. O que mais se vende são os hambúrgueres e a pizza logo quando começa a temporada de futebol americano, mas também fizemos comida mexicana em 5 de maio”, lembrou Molina.

O restaurante Mint Cafe foi inaugurado em 2018, está localizado dentro do dispensário e funciona como uma cozinha de comida para viagem.

Enquanto outras cozinhas comerciais têm licença para fazer refeições com THC embaladas, a cozinha de Mint Cafe é a única no Arizona que pode preparar alimentos prontos para comer como em um restaurante.

Os clientes, que em 90% são anglo-saxões, podem escolher que os seus alimentos sejam preparados com dose de TCH desde 25 miligramas até mil miligramas.

O preço varia segundo a quantidade acrecentada ao prato, por exemplo, uma pizza dosada com 25 miligramas de THC tem um custo de US$ 12,50, enquanto a mesma pizza dosada com mil miligramas custa US$ 75.

Os clientes podem fazer suas escolhas a partir de um pequeno cardápio que inclui opções quentes como hambúrguer, batata frita com queijo, asas de frango, pizza, macarrão com queijo, wraps e saladas.

Também há produtos assados como bolachas, brownies, cup cakes, entre outros.

São feitos bolos de maconha para casamento e aniversário. “O consumo já é responsabilidade de cada pessoa”, disse Molina.

O empresário garantiu que o crescimento do restaurante está assegurado e por isso em poucos meses iniciará um serviço de entregas.

“Jamais pensei que isto cresceria tanto, é um negócio muito divertido onde se veem resultados, sempre há coisas novas por fazer e inovar”, comentou o empresário.

Atualmente conta com um quadro de 98 funcionários em seus dois estabelecimentos no Arizona, mas seu objetivo de expansão pelos Estados Unidos já “é uma realidade”, por isso Molina está focado na indústria da planta e deixou para trás seus antigos negócios.

“Há mais de três anos eu não tinha nem ideia do grande negócio da maconha, não sabia nada da planta, tinha muito tabu sobre a maconha. Mas neste tempo uma coisa ficou muito clara, o respeito que tenho à planta, e não digo isso por estar na indústria, mas porque vi como mudou a vida de muitas pessoas doentes”, disse Molina.

Ele esboça um sorriso largo, enquanto repete: “Se há alguns anos tivessem me perguntado, jamais teria passado pela minha cabeça vender maconha”.

Beatriz Limón.