O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente Lula

As recessões geralmente pegam todos de surpresa. Há uma chance muito boa de que o próximo não.

Os economistas vêm prevendo uma recessão há meses, e a maioria vê isso começando no início de 2023. Se é profunda ou rasa, longa ou curta, está em grande debate, mas a ideia de que a economia está entrando em um período de contração é praticamente um consenso entre os economistas.

Quando você tem inflação alta e o Banco Central está aumentando as taxas de juros para conter a inflação, isso resulta em uma desaceleração ou recessão”, disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. “Isso invariavelmente acontece – o clássico cenário de superaquecimento que leva a uma recessão. Já vimos essa história antes. Quando a inflação aumenta e o BC responde elevando as taxas de juros, a economia acaba cedendo sob o peso de taxas de juros mais altas”.

Zandi está com a minoria dos economistas que acreditam que o BC pode evitar uma recessão elevando os juros apenas o tempo suficiente para evitar achatar o crescimento. Mas ele disse que as expectativas são altas de que a economia vai sucumbir.

“Normalmente, as recessões nos atingem furtivamente. Os CEOs nunca falam sobre recessões”, disse Zandi. “Agora parece que os CEOs estão se gabando de dizer que estamos entrando em uma recessão. … Cada pessoa na TV diz recessão. Todo economista está falando em recessão. Nunca vi nada igual.”

Uma recessão é considerada uma desaceleração econômica prolongada que afeta amplamente a economia e geralmente dura dois trimestres ou mais. O National Bureau of Economic Research, o árbitro das recessões, considera quão profunda é a desaceleração, quão ampla é e quanto tempo dura.

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre o ano nos mesmos 13,75%. Para o fim de 2023, a estimativa é de que a taxa básica caia para 11,25% ao ano. Já para 2024 e 2025, a previsão é de Selic em 8% ao ano e 7,75% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano continua em 2,76%. Para 2023, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 0,64%. Para 2024 e 2025, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,8% e 2%, respectivamente.

A expectativa para a cotação do dólar manteve-se em R$ 5,20 para o final deste ano. Para o fim de 2023, a previsão é de que a moeda americana se mantenha nesse mesmo patamar.

Com informação da CNBC e Agência Brasil