Em uma operação realizada na noite desta quarta-feira (17/07) na Estação Rodoviária do Plano Piloto, centro de Brasília, policiais militares do Grupo Tático Motociclístico do 6º Batalhão (GTM 26), prenderam um traficante que vendia crack e maconha e recebia em troca cartões do programa do governo federal, o Bolsa Família

Por Toni Duarte//RADAR-DF

18 de Julho de 2019

drogas compradas com cartão do Bolsa Família.

Uma abordagem comum feita por policiais militares a um traficante que vendia drogas na rodoviária do Plano Piloto, deve levar às autoridades policiais a investigar o comércio de drogas no DF em que os traficantes passaram a negociar o produto com os créditos do cartão do Bolsa Família.

Entre o material apreendido ontem à noite, além de pedras de crack e maconha foram encontrados ainda R$ 225,45 e cinco cartões do programa do governo federal.

Em todo o país cerca de de 13,7 milhões de famílias brasileiras recebem o benefício com valor total de R$ 2,4 bilhões.

Para o Distrito Federal, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) transfere R$ 11,9 milhões, com o valor médio de R$ 161,22 por benefício para atender 74.122 famílias cadastradas no programa social.

O programa é voltado para as famílias extremamente pobres (renda per capita mensal de até R$ 85) e pobres (renda per capita mensal entre R$ 85,01 e R$ 170).

Ao entrar no programa, as famílias recebem o dinheiro mensalmente e, como contrapartida, cumprem compromissos nas áreas de saúde e educação.

O valor repassado a cada usuário varia conforme o número de membros da família, idade e renda declarada no Cadastro Único.

Os cartões encontrados em poder de um traficante sugerem as autoridades policiais que o tráfico em Brasília descobriu uma nova dinâmica de lucro na venda de drogas, oferecidas aos usuários.

A droga pode ser adquirida para consumo ou para repassar adiante usando os créditos do Bolsa Família.

As autoridades desconfiam que muitos possuidores do Bolsa Família descobriram uma forma de aumentar em dobro o crédito mensal de R$ 161,22 recebido do governo federal.

O comprador terá que deixar empenhado  o cartão e a senha.

Os cinco cartões aprendidos em poder do traficante, por exemplo, chegam perto de R900,00 que podem ser sacados em qualquer agencia da caixa econômica ou lotérica.

É comum para as equipes de policiais militares do DF se depararem com a participação de jovens envolvidos na rede do tráfico de drogas no varejo.

Grande parte é de baixa renda, mora em cidades como Ceilândia, Pôr do Sol, Sol Nascente e Estrutural, largou a escola, acumulou pouca experiência de trabalho braçal e optou por um caminho que acreditam ser mais fácil para ganhar dinheiro.

A batida feita pelos policiais militares do Grupo Tático Motociclístico do 6º Batalhão (GTM 26), ocorrida ontem a noite na Rodoviária do Plano Piloto, não deve ser encarada como mais uma simples ocorrência. A nova dinâmica do tráfico de drogas no varejo tem que ser melhor investigada pelas autoridades do DF.