De acordo com o professor, a análise utilizou os mesmos métodos de uma pesquisa anterior que identificou o vírus da zika na urina humana.

Pesquisadores brasileiros descobriram que o vírus da febre amarela também está presente na urina e no sêmen humano, o que vai auxiliar a detecção do vírus e confirmação de diagnósticos em pessoas infectadas.

Em um momento de intensa preocupação de moradores de regiões de risco, como o estado de São Paulo, cientistas de várias instituições como a Universidade de São Paulo (USP), Instituto Butantan, Emílio Ribas e Pontifícia Universidade Católica (PUC) acompanharam um paciente de 65 anos que teve a doença, isolando um vírus que estava na urina.

“A gente acreditava que o vírus da febre amarela aparecesse no sangue das pessoas em dois dias e ficava até sete, e descobrimos que ele fica mais tempo na urina. Depois dessa primeira descoberta, também identificamos por meio das autópsias (de pessoas infectadas que morreram) que ele aparece nos rins”, explicou o professor de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Paolo Zanotto, um dos participantes do estudo.

Os resultados da pesquisa foram publicados em janeiro na revista da Agência de Proteção à Saúde do Governo dos Estados Unidos e agora já estão sendo aplicados em unidades de acompanhamento da febre amarela em São Paulo, como no Hospital das Clínicas, um dos principais da capital.

“Um aspecto muito positivo é que temos outra maneira de confirmar os diagnósticos da enfermidade com a presença dos vírus na urina das pessoas, que por sinal dura mais tempo que no sangue, o que torna mais fácil identificar a infecção em uma pessoa idosa ou uma criança muito pequena, por exemplo, sem utilizar métodos invasivos”, explicou à Efe.

Zanotto comentou que o grupo também identificou que o vírus presente no sêmen é inativo, o que impossibilitaria a transmissão de febre amarela por meio de relações sexuais, mas o da urina é ativo, o que o torna infeccioso.

De acordo com o professor, a análise utilizou os mesmos métodos de uma pesquisa anterior que identificou o vírus da zika na urina humana.

Desde julho do ano passado, 98 pessoas morreram de febre amarela no país, de acordo com o mais recente balanço do Ministério da Saúde. No total, foram 1.286 casos notificados sendo 510 descartados, 353 confirmados e 423 em investigação.

“Estamos trabalhando de forma muito intensa com a análise das pessoas que morreram infecctadas, fazendo identificação dos vírus nessas necropsias e, ao mesmo tempo, estamos tentando acompanhar os casos de infecção verificando os locais, onde estão os pacientes e os mosquitos”, afirmou.

 

Com informação da Agencia EFE