“Esses ataques têm crescido justamente porque os criminosos veem nele uma possibilidade de ganho fácil, já que bitcoins são uma moeda não rastreável”, diz Fernando Amatte.

E o ataque desta sexta se destaca. “Foi muito grande, impactando organizações pela Europa em uma escala que nunca havia visto”, agrega à BBC Kevin Beaumont, também especialista em segurança cibernética.

Especialistas apontam que o ataque explora uma vulnerabilidade que havia sido divulgada por um grupo que se autointitula The Shadow Brokers. Esse grupo recentemente declarou ter roubado ferramentas digitais da NSA, a agência nacional de segurança dos EUA.

A empresa Microsoft havia conseguido criar proteções contra a invasão, mas os hackers parecem ter tirado proveito de redes de computadores que ainda não haviam atualizado seus sistemas.

Segundo especialistas, a proteção contra ransomwares passa por medidas básicas, como evitar clicar em links suspeitos e fazer cópia de arquivos importantes. Mas, em casos como o desta sexta, em que os usuários foram afetados sem nem mesmo clicar em links do tipo, Amatte diz que a precaução deve ser maior: manter os sistemas operacionais devidamente atualizados com os updates de segurança.

E adianta pagar o resgate? “Tenho clientes que foram bem-sucedidos em recuperar seus arquivos ao pagar o resgate e tenho clientes que não receberam os arquivos de volta. Por se tratar de criminosos, é difícil saber o que eles pensam. Existe a chance de não se conseguir recuperar.”

Um ataque cibernético de grandes proporções atingiu diversas empresas e organizações pelo mundo nesta sexta-feira, afetando até mesmo os serviços de saúde britânicos.

Trata-se de uma aparente campanha de ransomware – em que computadores são infectados com um vírus que codifica e “sequestra” os arquivos. Os invasores, então, pedem um “resgate”: ameaçam destruir (ou tornar públicos) os arquivos caso não recebam dinheiro.

Há relatos de computadores infectados em até 74 países, incluindo Reino Unido, EUA, China, Rússia, Espanha e Itália, o que leva especialistas em segurança a acreditar em ação coordenada.

Uma análise da empresa de antivírus Avast identificou um “enorme pico” de ransomwares pelo vírus WanaCrypt0r 2.0 (ou WCry). “Foram mais de 57 mil infecções até agora”, diz o blog da empresa, atualizado nesta tarde. “Segundo nossos dados, o ransomware alveja principalmente Rússia, Ucrânia e Taiwan, mas teve sucesso em infectar grandes instituições.”

Nos computadores invadidos, uma tela dizia “ops, seus arquivos foram codificados” e pedia pagamento de US$ 600 (cerca de R$ 1,9 mil) em bitcoins (moeda digital) para recuperá-los.

Onda de ataques virtuais atinge hospitais e empresas do mundo todo

A onda de ataques de ransomware atingiu empresas e hospitais do mundo todo, principalmente da Europa. Dentre as principais instituições vitimadas estão 16 hospitais de atendimento público do Reino Unido, e as empresas de telefonia móvel Telefónica, da Espanha, e Portugal Telecom.

Essa infiltração maliciosa já é um pouco antiga e surgiu em meados de abril, e a Microsoft lançou patches para prevenir ataques como esse.

Acompanhe abaixo a nota que a Microsoft nos enviou sobre o caso:

“Hoje, os nossos engenheiros adicionaram funções de detecção e proteção contra um novo software malicioso, conhecido como Ransom:Win32.WannaCrypt. Em março, nós fornecemos proteção adicional contra malwares dessa natureza, com uma atualização de segurança que impede a sua propagação através de redes. Aqueles que estiverem utilizando o nosso antivírus gratuito e tenham habilitado o Windows Update estão protegidos. Estamos trabalhando junto aos nossos clientes para fornecer assistência adicional.”

Com informação da BBC/olhardigital/tecmundo