Novos medicamentos foram adquiridos pelo Ministério da Saúde e beneficiarão 30 mil pacientes em todo o Brasil 

BRASÍLIA (20/10/2015) – O Distrito Federal é a primeira unidade da federação a receber do Ministério da Saúde as doses dos novos medicamentos adquiridos no exterior para tratamento de Hepatite C, que possuem mais de 90% de chance de cura. Serão beneficiadas no período de um ano 30 mil pessoas em todo o Brasil, sendo inicialmente 250 na capital do país. O anúncio foi feito nesta terça-feira (20), em solenidade no Ministério da Saúde.

São três medicamentos diferentes, os primeiros lotes desembarcaram ontem e são de sofosbuvir e daclatasvir. Até dezembro, também estará disponível o simeprevir. O investimento total é de R$1 bilhão e o custo do tratamento individual é de aproximadamente US$ 9 mil, o que na cotação de hoje representaria R$ 34.876,80.

Ao lado do secretário de Saúde do DF, Fábio Gondim, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, qualificou o novo tratamento como um marco revolucionário e inovador na história do tratamento das doenças virais, já que a terapia passará a ser feita via oral (com comprimidos que causam menos efeitos colaterais) e terá, em geral, duração de três meses, ao invés de um ano como ocorria antes.

“Há 13 anos o Brasil oferece o tratamento contra a Hepatite C e mais de 100 mil pessoas já foram tratadas, mas com um índice de cura abaixo de 50%. Era um tratamento demorado e doloroso, com o uso de injeções. Agora, temos essa tecnologia inovadora que coloca o Brasil na vanguarda no tratamento da doença”, destacou o ministro.

“Esse tratamento representa a diferença entre a vida e a morte. A única alternativa era dolosa e tóxica, com menos de 50% de chance de cura. Somos a primeira unidade da federação a receber as doses e já estamos tomando as providências para que comece a ser distribuído o mais rápido possível. Isso representa qualidade de vida e mais chances para se ter uma vida normal”, complementou Gondim.

Durante a solenidade, houve a primeira entrega da medicação para a paciente Helenisar Campos. Ela conta que foi infectada em uma transfusão de sangue realizada há 15 anos. “Descobri a doença durante um processo de doação de sangue. Já fiz dois tratamentos sem sucesso. Com esses novos remédios, tenho a esperança da cura novamente”, disse.

DISTRIBUIÇÃO – As doses devem chegar aos estados em um período de 15 dias mas, no Distrito Federal, os 250 pacientes já cadastrados para utilizar os remédios poderão ter acesso a partir da semana que vem, após o treinamento dos médicos que prescreverão as doses. A capacitação ocorrerá nesta semana e será feita pelo Ministério da Saúde.

Os medicamentos estarão disponíveis na Farmácia de Alto Custo e no Hospital Dia, que fica na 508/509 Sul, mas os pacientes devem aguardar a ligação telefônica das equipes para serem informados sobre como adquirir o remédio.

Para receber, é necessário atender os critérios estabelecidos em protocolo da Organização Mundial da Saúde, entre eles, ser paciente co-infectado por HIV, ser pós-transplantado de fígado, e não ter tido sucesso em tratamentos realizados anteriormente.

“O tratamento antigo era feito com a medicação interferom peguilado e exigia um acompanhamento de médicos e enfermeiros, porque havia muitos efeitos colaterais que podiam causar, inclusive, a morte”, destacou o infectologista do Programa de Hepatites, DST e Aids da Secretaria de Saúde, José David Brito.

Segundo ele, também era difícil manter a frequência do paciente até as unidades para completar o tratamento porque a duração podia chegar até um ano e meio. Agora, o tratamento é oral praticamente não tem efeitos colaterais. A duração pode ser de três meses.

DADOS – Por ano, 350 mil a 700 mil pessoas morrem no mundo em função da doença, sendo 3 mil apenas no Brasil. Ainda no país, são 120 mil casos confirmados durante os últimos 13 anos, quando se iniciou o tratamento da hepatite C, mas a estimativa é que 1,4 milhões de brasileiros convivam com a doença, embora grande parcela não tenha conhecimento. A estimativa é o dobro feita para casos de HIV, que fica em torno de 700 mil pessoas. No Distrito Federal, a estimativa é de que 15 mil a 20 mil pessoas tenham contraído a doença.

HEPATITE C – Causada pelo vírus HCV, a doença é silenciosa porque, na maioria dos casos, demora de 15 a 20 anos para aparecerem os primeiros sintomas. O contágio se dá por transmissão parental (sangue contaminado), sexual, vertical (mãe para filho) e hospitalar.

O maior fluxo de transmissão ocorreu nos anos 80 e 90 por transfusão de sangue e uso de seringas compartilhadas para o uso de drogas injetáveis. Os testes só chegaram ao Brasil em 1993 e, a testagem rápida em 2011. A hepatite C causa cirrose, câncer e é responsável por 31% a 50% dos transplantes de fígado.

Interessados podem fazer os testes rápidos nas unidades básicas ou no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que fica na Rodoviária do Plano Piloto.