Stephanie Teixeira foi ao hospital, em São Paulo, para tratar de uma dor de barriga. Ela deveria ser medicada com soro. Alguém errou e aplicou vaselina líquida.

Não há palavras que consolem a família. Teté, Teteca eram apelidos de Stephanie Teixeira, de 12 anos. A garota foi levada ao Hospital São Luiz Gonzaga na zona norte de São Paulo na sexta-feira à tarde com dor de barriga e diarréia.

Dona Vilma Hommo Contrera, amiga da família, acompanhou Stephanie na Santa Casa. “Tomou dois vidrinhos se soro e um remedinho pra tirar a dor de estômago”, conta.
Foi no terceiro frasco que a menina se sentiu mal. “Colocou o terceiro frasco e disse que no terceiro pingo, ela já sentiu as mãos formigar e falou pra mãe dela. Aí falou pra mãe dela: mãe, eu vou morrer.”
Uma mulher, que estava no hospital com o filho no momento em que Stepanie passou mal. Ela ouviu as enfermeiras comentando sobre o erro: “Falaram que tinham aplicado medicamento oleoso na menina e falaram sobre a família que não poderia ficar sabendo disso”, diz.
Stephanie foi transferida para a Santa Casa, que administra o hospital. Morreu pouco depois, na madrugada de sábado. O relatório de óbito da própria Santa Casa afirma que a menina tinha convulsões e que os médicos perceberam que ela havia recebido 50 ml de vaselina líquida na veia.
O toxicologista Antony Wong diz que a vaselina só pode ser usada externamente. Nunca deve ser aplicada na veia ou artéria. Quando isso acontece o líquido forma gotas de gordura entupindo as veias e artérias.
Se uma parte dessa embolia oleosa for até o coração, entupindo as coronárias, vai ser como se fosse enfarte agudo do miocárdio. O maior problema também é do cérebro. Embolia para o cérebro, vai provoca infarto no cérebro. Pode até sofrer falta de oxigênio e aí e pode ter convulsões”, explica o Dr. Wong.
Para o presidente do Coren, Conselho Regional de Enfermagem, explica que as substâncias são até parecidas, mas confundi-las é um erro grosseiro.
Cinquenta ml de inoculação endovenosa gota a gota representa de 15 a 20 min infusão ou mais. Um profissional capacitado, qualificado bem preparado não proporcionaria esse erro em hipótese alguma”, diz Claudio Porto.
A Santa Casa quer saber que foi o responsável pelo erro. Nesse final de semana foram ouvidos médicos, enfermeiros e funcionários do hospital. O laudo conclusivo do IML, que aponta a causa da morte, deverá sair em 30 dias.